quinta-feira, 31 de março de 2011

Modernidade líquida e o homem pós-moderno

Desde a invenção da escrita o homem procura através dos signos culturais uma posição definitiva ao longo de sua história. Na defesa do título de única espécie racional na escala evolutiva, encontramos um ser repleto de indagações na busca de auto-afirmação, seja ela em caráter material ou espiritual. Hoje, mais uma vez, encontramos um indivíduo em pleno rompimento de paradigmas cultuados ao longo de sua existência. Pois bem, os séculos XX e XXI foram os escolhidos na linha temporal, para acolherem tais transformações.

Há 300 anos atrás, o que Alvin Toffler (1980) chama de a Segunda Onda, impôs ao homem um modo de vida no qual a valorização da universalidade e da racionalidade era tida como dogmas sociais. Apoiados no método científico e na revolução das máquinas a vapor, a produção em série dava origem a trabalhadores burocráticos e assalariados, à procura de mundo cartesiano e feliz. Surgia assim, a Era Moderna. Nela, a sistematização e a razão procuraram construir um padrão de vida, no qual a proposta era que todas as mentes pensassem de uma só maneira, não deixando espaços para as diferenças. Entretanto seria ingenuidade acreditar que tal modelo pudesse durar para sempre. Afinal, a inquietude faz parte da natureza humana, e com ela a necessidade de se trilhar novos horizontes é imprescindível para a preservação da espécie homo sapiens. Não acredito que algum dia a humanidade tenha sido sólida, apenas um pouco mais viscosa.

Com o advento de novas teorias científicas no século XX, a exemplo da Física, com o trabalho de Albert Einstein sobre a relatividade que contestou a idéia de um tempo absoluto ou até mesmo a revolução quântica proposta por Niels Bohr, que postulou um universo totalmente probabilístico, abriu-se espaço para novas perspectivas de vida para um homem cansado de parafusar peças, sem se quer saber, para que serviam. Neste novo cenário, encontramos um indivíduo social descartando as verdades universais e as substituindo por diferenças cada vez mais locais e particulares. O lugar das emoções e das diferenças está assegurado no novo pensamento humano. Coube, a esse novo personagem social, a tarefa de construir novas relações de trabalho, principalmente, no que diz respeito à liquefação de processos ditos fordistas. Com isso, altera-se todo o caráter de futuro, ainda que, potencialmente imprevisível, haja vista que o novo homem tem por característica básica, o livre arbítrio. Sendo assim, a nova cultura propõe um tipo de trabalho não tão repetitivo, onde os empregados são livres para criar, sem perder de vista a produtividade. Entretanto, para isso o novo trabalhador precisa, mais do que nunca, possuir uma gama de conhecimentos, capazes de lhe dar o subsídio necessário, para execução das multifunções. É a partir daí, que um novo modelo de poder surge, enquanto reflexo desse novo perfil: a informação. Com efeito, a construção do conhecimento perpassa pela interatividade do homem com a informação.

Essa nova troca de dados exigiu novas formas de comunicação. Nesse sentido, as novas sociedades, e porque não dizer, a nova “aldeia global”, tem sido marcada pelo grau de complexidade das técnicas de comunicação. Meios cada vez mais eficazes, os quais permitem ultrapassar não só as barreiras físicas do espaço e do tempo para atingir um número cada vez maior de destinatários.

Enfim, eis que nos encontramos em plena transição de eras, em um palco que consegue, ao mesmo tempo, juntar personagens bem distintos: os que nasceram, e com certeza, morrerão, sem tocar no mouse; os que nasceram, mas que hoje, já não conseguem viver sem algum tipo de teclado; e aqueles que já são digitais desde a ultra-sonografia. Alvin Toffler chama essa próxima etapa da existência humana de A Terceira Onda. Outros preferem classificar esse novo momento pelo nome de Pós Modernidade.

Nos novos tempos das redes virtuais, unem-se em um só equipamento as mais variadas linguagens, que na metáfora de Bauman (2001) um estado de fluidez cada vez maior às relações sociais. Surge assim, a fusão do computador com a televisão, propiciando informação em tempo real, traduzida em uma comunicação mais sensorial e menos burocrática.

Segundo Moran (1998)

“o fantástico desenvolvimento de tecnologias pessoais, móveis, mais baratas e cada vez mais interativas está propiciando mudanças significativas nas formas de trabalho, de lazer e de comunicação com pessoas próximas e distantes”. (p. 67).

Com isso, há de se esperar um indivíduo resultante de uma sociedade fomentada na comunicação reticular, onde tudo e todos estão conectados. Isso transforma totalmente, as concepções de espaço e tempo num mar de possibilidades infinitas. Com efeito, as redes de computadores conseguiram minimizar as distâncias, bem como otimizar o tempo. As dificuldades que tínhamos em deslocamento e o tempo que perdíamos em procuras e filas, já não são problemas na busca de informações. Sendo assim, muitas atividades de nosso cotidiano, foram incorporadas ao leque de possibilidades do mundo virtual. A opção virtual de bancos, supermercados, namoros, bate-papo, música, jogos, fragrâncias de perfumes, informações etc, já são “marcas registradas” no mundo pós-moderno.

Referências

BAUMAN, Zygmunt. Modernidade Líquida. Tradução: Plínio Dentzien. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed., 2001

MORAN, José Manuel. Mudanças na Comunicação Pessoal. São Paulo: Paulinas Ed., 1998.

TOFFLER, Alvin. A Terceira Onda. Rio de Janeiro: Record Ed., 1980.

Desculpem o atraso nas postagens das reflexões.

Jan

quinta-feira, 17 de março de 2011

Olá colegas!!! Já estou no ar. Sejam bem-vindos a esse espaço de reflexões...

Até mais.