terça-feira, 17 de maio de 2011

A construção do conhecimento: plágio ou co-autoria?

A produção do conhecimento , tal como é aceito pela comunidade científica, requer uma fundamentação teórica que serve de alicerce para sua validação. Nessa perspectiva, é necessário construir uma argumentação baseada, necessariamente, em ideias anteriores, através de uma vasta revisão de literatura.

Visto assim, toda produção de conhecimento onde se leva em consideração o modelo proposto pela comunidade acadêmica, implica numa articulação de vários pensamentos para produção de um “novo” texto que no fundo é um conjunto de textos anteriores. Afinal, o conhecimento produzido de forma não teórica se traduz no mito ingênuo de gênios superdotadas produzidos pelas fabulas medievais. Aliás, ainda bem que, o “humilde” Isaac Newton publicou em sua obra a seguinte confissão: “Só fiz o que fiz apoiado em ombros de gigantes[1]

Só para citar o exemplo de outro “gênio” da Física, temos o caso de Albert Einstein, que produz sua teoria da Relatividade inspirado por várias outras teorias não menos importante que a sua, tal como o caso do Eletromagnetismo de Maxwell, ou a hipótese quântica de Planck para a luz. Aliás a história da ciência nos conta várias dessas situações controversas sobre a autoria do conhecimento.

Visto desse ângulo, acreditamos que a produção teórica implica em parceria. O que nos cabe perguntar, qual a linha tênue que separa a co-autoria do plágio puro e simples. A resposta para essa questão, a primeira vista, concentra-se no fator da ética. Uma das regras básicas da produção acadêmica, pressupõe a referência de todos os matérias pesquisados para a construção do argumento teórico. Entretanto na perspectiva das múltiplas fontes propiciadas pelas TIC, e consequentemente do bombardeamento de informações o qual somos submetidos, até que ponto somos obrigados ou capazes de lembrar de todas nossas fontes de pensamento? Afinal, há propriedade no conhecimento?

Espero que não.



[1] Newton fez alusão ao trabalho de Galileu Galilei, que serviu de base empírica para mecânica newtoniana.

terça-feira, 3 de maio de 2011

Inclusão x Transformação

A sociedade contemporânea tem sido marcada por transformações significativas no campo das tecnologias da informação e comunicação, provocando, a cada novo artefato desenvolvido, novas formas de se comunicar, a ponto de autodenominar-se Sociedade da Informação. Entretanto, não são todos os setores da sociedade, em especial as Escolas, que conseguem se beneficiar do potencial oferecido pelas TIC.

Para isso seria necessária a superação de barreiras políticas, econômicas e culturais, que exigiriam um esforço social conjunto sem precedentes. Penso que não adianta a implementação de programas de universalização das TIC nas escolas, vinculados a concessão de monopólios para empresas privadas. Neste modelo, os projetos além de passarem pelo crivo político e suas barreiras burocráticas e partidárias, acabam caindo no descaso de sua própria concepção. Tais iniciativas estão fadadas ao fracasso, pois capitalismo e inclusão social é um binômio mutuamente excludente. Mais do que isso, do ponto de vista político e econômico, a quem interessaria uma sociedade “incluída” socialmente? Para os poderosos seria dar um tiro no próprio pé. Por isso, é mais fácil ensinar a apertar botões, e fomentar projetos de inclusão digital puramente instrumentalistas, para que as coisas não saiam do lugar.

De outro lado, a velha educação precisa dar lugar às perspectivas educacionais que privilegiem a aprendizagem de co-autoria, em que seja possível a construção de um modelo de Educação pautado na colaboração entre os sujeitos desse processo. Portanto não se trata de inclusão social se trata transformação social colaborativa. O simples fato de ter acesso as TIC e aprender a usá-las, não garantem em si mesmos a autonomia dos sujeitos da escola. É preciso equacionar o déficit cultural entre os que ensinam os velhos modelos aprendidos e os que já são digitais desde a ultra-sonografia.

Sem mobilização social, que consiga articular vontade política, desenvolvimento econômico e diversidade cultural, não é possível construir uma escola que consiga fomentar uma Educação transformadora, capaz não de incluir os sujeitos, mas que dêem a eles o poder de transformação.